Amigos viajantes, zumbis evoluídos, monólogo, animações e um sensacional reality de humor
Rápidas análises de As Quatro Estações do Ano, Extermínio: A Evolução, Não Me Entrego, Não!, Love, Death & Robots e Prêmio Multishow de Humor - O Reality
O QUE VI
As Quatro Estações do Ano – Só fui conferir na semana passada esta série cômica lançada em maio pela Netflix. Gostaria de comunicar a quem não viu, que não cometa o mesmo erro que cometi, e que assista logo. Eu já tinha posto na minha lista ao perceber que tinha Steve Carrel e Tina Fey (também uma das criadoras) no elenco. É, tem Will Forte também, que curto do Saturday Night Live, mas não chega a ser um fator decisório. Não assisti ao filme de 1981, de Alan Alda, no qual a série se inspirou. Dei uma pesquisada e vi que é bem parecida, com a divertida história de três casais que sempre viajam juntos e que precisam lidar com a separação de um deles. A adaptação tem 8 episódios, dois para cada uma das estações do ano, com alterações como a inclusão de um casal gay de relação aberta e um destino diferente para um dos personagens. O clima é leve, com boas piadas o tempo todo, sem cair de nível quando situações mais sérias se apresentam. Muito maratonável. Deu tão certo que a Netflix já garantiu uma segunda temporada.
Extermínio: A Evolução – Como prometido na última edição de curadoria, quando contei que revi o primeiro Extermínio, conferi a continuação que está em cartaz. E fui no cinema com quem? Sim, com a esposa incoerente que odeia filme de terror mas adora filme de zumbi. Trata-se de um longa em que o diretor, Danny Boyle, consegue mostrar seu estilo, fugindo de convenções. Pra começar, é um filme quebrado em partes, que não se ligam como nas fórmulas tradicionais de Hollywood. E isso já me faz simpatizar muito, já que estou enfadado de ver e de escrever roteiros com “jornada do herói”. O personagem principal é um rapaz inglês que está sofrendo com a doença da mãe e tem que encarar um ritual de passagem enfrentando zumbis fora da ilha onde vive em segurança. Mas a trama não fica só nessa premissa inicial. E de quebra, tem um final meio esquisito, que rompe com o clima sério de até então, pegando de volta uma situação que foi deixada em banho-maria lá no comecinho. Deve ser pra conectar com o próximo longa, filmado ao mesmo tempo que este, com direção de Nia DaCosta, que será lançado em janeiro de 2026, como parte de uma trilogia. O visual é bem diferente, com algumas cenas gravadas em iPhones e inserção de trechos de filmes antigos, sobre a Inglaterra medieval. Curtimos. Vamos ver o próximo, sim.
Não Me Entrego, Não! – Em certa altura da peça, Othon Bastos se intitula um “coadjuvante de luxo” nas últimas décadas de sua carreira. A sinceridade com que fala de sua trajetória é um dos pontos que faz deste monólogo biográfico um espetáculo diferente. O texto acompanha desde os tempos de escola o ator que ficou conhecido como o Corisco de Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, mas que fez do teatro seu porto seguro. Você não precisa ser o maior de seus fãs para conferir e adorar a peça, escrita e dirigida por Flávio Marinho, amigo do ator. Assim que Othon pisa no palco, com seus 92 anos de idade, bate no público um respeito imediato, uma admiração por alguém que se dedica há tantos anos à arte, fazendo jus ao título. Flávio teve um excelente sacada para driblar possíveis e perdoáveis lapsos do nonagenário. Ainda que seja um monólogo, Othon divide o palco o tempo todo com a atriz Juliana Medella, que faz o papel de sua memória. Ela tem falas divertidas para trocar impressões constantes com o protagonista, mas também pode ajudar o mestre se escapar uma ou outra palavra que fazem o texto andar. Assisti à encenação comemorativa de um ano em cartaz, no Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes (Rio de Janeiro), onde fica até 27 de julho, com sessões às quintas e sextas, às 19h, e sábados e domingos, às 18h. Recomendo paca.
Love, Death & Robots – Finalmente matei a quarta temporada da coletânea de animações da Netflix. Talvez a série pareça desgastada para algumas pessoas, já que os episódios mais impressionantes estão lá para trás, quando tudo era novidade. Ainda assim, a nova leva, com dez episódios, de diferentes tempos de duração, traz coisas bem interessantes. Se não quiser assistir a tudo, vá direto em Pois Ele se Move Sorrateiramente e Como Zeke Entendeu a Religião, que abordam o sobrenatural e têm traços muito legais. Outro que merece atenção é O Grito do Tiranossauro, com uma inesperada mistura futurista de gladiadores e dinossauros. E para quem curtiu na temporada anterior o divertido Noite dos Minimortos, desta vez há Minicontatos Imediatos, com a mesma técnica de animação e humor, agora tendo como tema uma invasão alienígena.
Prêmio Multishow de Humor – O Reality – Esta talvez seja a competição de humor mais completa que já vi. Mas dê um desconto para minha opinião, já que fui o roteirista final do programa, que está disponível na Globoplay e, obviamente, no Multishow, com apresentação de Dani Calabresa. Diferente do PMH original (do qual fui um dos criadores), este aqui leva 12 comediantes para conviver diariamente e cumprir desafios específicos de várias formas de comédia. Os participantes apresentam excelentes ideias e performances, além de se mostrarem hilários nos papos que têm no estúdio, quando se preparam para os números ou comentam seus sucessos e fracassos ao longo da competição. Teve até treta, embora não fosse nosso objetivo. São 15 episódios, com dois sendo exibidos a cada semana. O primeiro foi ao ar na terça, com boa parte da produção e quase todo o elenco do Rio assistindo junton na casa do showrunner, o Pedro Antônio. Todos adoraram. Mas você pode descontar essas opiniões um pouco também, claro.
O QUE OUVI
Café da Manhã – O podcast da Folha teve uma ideia bem legal para marcar o Dia Internacional do Orgulho LGBT+. Em vez do formato tradicional de entrevista, eles promoveram uma espécie de troca de cartas entre membros da comunidade de gerações diferentes. Eles fazem perguntas e respondem, em mensagens de áudio, uns para os outros, com ênfase nas mudanças que houve ao longo das últimas décadas.
Pauta Pública – Queria chamar a atenção para o episódio O Genocídio em Gaza na Palavras de um Palestino não apenas pelo tema, centrado no depoimento dramático do jornalista e escritor Ramzy Baroud. A produção do programa tomou uma decisão interessante para traduzir o conteúdo: ouvimos uma narração em português que foi alterada, por recursos de IA, para soar como a voz do palestino. Para não arrumar encrenca com dubladores, o Pauta Pública explica que a IA não tirou o emprego de nenhum profissional do ramo, já que um membro da equipe fez primeiro a narração traduzida em português. Não houve tradução nem geração de voz automática feita por inteligência artificial. Me convenceu.
Grato mais uma vez por vocês terem lido até o final. ou por terem pulado algumas coisas e chegado aqui para conferir estas palavras. Significa algo também. Queria agradecer também a quem leu a edição da semana passada, que foi autoral. Foi um miniconto com uma ideia que tive recentemente, mas que contou com pouquíssimo tempo para escrita. Pretendo dar um segundo tratamento para inscrever nos famigerados concursos de contos que pintam por aí. Posso caprichar nas menções às coleções antigas. Aliás, aceito sugestões. Tá aqui nesse link, pra quem não leu. Por hoje é só a-a-a-amiguinhos. Inté.